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quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Resultados das Eleições americanas 2012

          
A eleição presidencial americana de 2012 aconteceu na terça-feira (6 de novembro) e quarta-feira (07 de novembro de 2012) o mandato de Barack Obama foi renovado. Seu principal concorrente foi o ex-governador de Massachusetts, o republicano Mitt Romney. Obama do partido democrata será responsável pelo os Estados Unidos por mais quatro anos, até 2016. Ele vem liderando o país norte-americano desde 2008.
          Obama depois de saber sua vitória disse à multidão em Chicago. “Obrigado por terem acreditado sempre. Nós somos a família americana e vamos estar todos juntos como uma só nação”
O presidente admitiu que de certa forma, esta foi uma eleição mais difícil do que a primeira. Concluindo seu discurso: “Eu ouvi vocês e aprendi com vocês. Vocês me tornaram um presidente melhor. Vou voltar para a Casa Branca mais inspirado e determinado do que nunca. Não somos um estado azul ou estado vermelho. Nós somos os Estados Unidos da América.”


          Obama procurou levar uma mensagem de esperança, dizendo que para os americanos o melhor ainda está por vir. Ele afirmou ser o mesmo homem de antes lembrando da importância da democracia.
Mesmo antes de Romney admitir a derrota, Obama agradeceu pelo Twitter: “Estamos todos juntos. Foi assim que fizemos campanha, e é o que somos. Isso aconteceu por causa de vocês. Muito obrigado.”
As propostas de Obama parecem ser bem agradáveis e gerando a melhoria do país americano, propostas as quais podem refletir conseqüências no mundo inteiro. Os próximos anos dirão se essa foi uma boa escolha.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Batismo de Sangue - Um novo olhar


                

       Pouca importância é dada ao titulo do filme ‘batismo de sangue’.  O que muitos não veem, no entanto, é o caráter metafórico profundo que ele contem: Batismo é um sacramento cristão que tem como objetivo a purificação do pecado original, portanto o titulo traz a ideia de que a tortura política (“sangue”) seria a forma na qual os militares convenceriam (“batismo”) todos aqueles que eram subversivos à ordem vigente.  

         O filme conta a história dos freis dominicanos que no decorrer da década de 1960 começaram a questionar a ditadura militar apoiando grupo guerrilheiro Ação Libertadora Nacional,  organização política, comandada por Carlos Marighella, composta por setores de diversas correntes  ideológicas (congregando democratas, tenentes, operários e intelectuais  de esquerda), criada oficialmente em março de 1935 com o objetivo de lutar contra a influência fascista no Brasil.

      A Igreja sempre representou um grande apoio ao Regime Militar, mas bem se sabe que essa instituição é extremamente hierarquizada. Assim sendo, o baixo clero, mais ligado às questões sociais e desvinculados dos princípios da Igreja quanto ao Regime, não se  negaram a participar da militância contra o sistema.  

        Acompanhamos, então, os movimentos organizados pela ALN que, em grande parte são delatados, ou acabam não dando certo... O filme nos mostra de forma intimista a rotina dos clérigos e suas tradições, bem como seus princípios justos e solidários. A obra representa um bom quadro da situação desesperadora na qual o país se encontrava no período, a alienação da população, que dava mais importância para futebol do que para fatos políticos, como o assassinato de Marighella, entre outras características. 

         Um dos pontos altos do filme é sem dúvida a fotografia e a reconstituição de época, até porque, não coincidentemente, o prêmio que ele levou no Festival de Brasília foi o de melhor fotografia. O filme, com ajuda do figurino e das locações, ambientam muito bem o espectador dentro do contexto e fazem com que toda a trajetória torne-se mais legítima. Outro ótimo recurso usado foi o simbolismo nas cenas, na qual não eram usadas palavras explícitas para transmitir uma mensagem. Como exemplo podemos citar a saída do Frei Tito e outros militantes políticos da prisão em direção ao seu exílio, no qual todos aqueles que ficaram cantaram o hino nacional, mostrando seu apoio àqueles que estavam indo e relembrando que todos estavam ali para o bem da pátria. Outra cena muito forte é a tentativa de suicídio do Frei Tito após sua tortura, pois ver um religioso tentar cometer suicídio, algo que é condenado pela Igreja, nos faz ver o quão desesperador era passar por aquela experiência.  

     A abordagem do filme é extremamente psicológica; os personagens são trabalhados de forma profunda, e somos contagiados com suas aflições, sofrimentos e problemas. O Frei Tito, por exemplo, que é  barbaramente torturado, adquire sequelas psicológicas que o levarão ao suicídio.

       Porém, mesmo que o filme seja carregado de fatos históricos importantes e de cenas que contém um simbolismo muito forte, há uma crítica que pode ser feita quanto à exploração do tema: com certeza as cenas de tortura são essenciais dentro do contexto que o filme mostra, e que através delas nós podemos ter noção do que realmente acontecia com os presos políticos e o que eles passavam para defender sua pátria e seus direitos, entretanto essas torturas, dentro da película, foram usadas mais do que o necessário. Por  estender muito essas cenas, não foi dada a devida ênfase do porquê que aqueles freis estavam ali exatamente. No fim de tudo, não fica muito claro como os freis atuavam para ajudar a derrubar esse regime, e talvez um pouco mais de tempo dedicado a essa explicação fizesse com o que o retrato da situação fosse mais completo.

     Mesmo com algumas ressalvas, “Batismo de Sangue” continua sendo um filme forte que expõe essa ferida ainda aberta da ditadura que aconteceu em nosso país e faz, a cada minuto, com que nós pensemos sobre esse momento negro pelo qual aquelas pessoas passaram, até onde o ser humano pode ser cruel o suficiente para torturar um igual em prol de seus interesses e até onde um ser humano pode ser corajoso o suficiente para resistir a dor em busca da liberdade.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Batismo de Sangue - Análise

    O filme conta a história de jovens religiosos militantes subversivos. Por muitos é considerada uma obra impactante, uma vez que mostra cenas de tortura e a triste realidade brasileira diante da forte repressão. Segue uma análise superficial dos principais personagens que participam da trama.

    Frei Tito - tratado como protagonista, luta pela liberdade ao lado de seus compatriotas. Depois de  muito esforço acaba por muitas vezes sofrendo nas mãos da opressão que o levam a sequelas causando-o distúrbios psicológicos, que desencadeiam em um suicídio.

    Delegado Sergio Fleury – tido como o maior vilão, é o grande torturador e intimidador representado no filme. Simboliza os grandes opressores de sua época e mostra os métodos de se alcançar os objetivos dos militares de impor um governo ditatorial e sem discordâncias.

    Frei Oswaldo, Frei Ivo e Frei Betto – representantes do movimento reivindicatório, demonstram a união popular. Lutam pelo bem e pelos direitos do povo e de toda a nação brasileira.

    A ditadura brasileira ocorreu durante os anos de 1964 a 1985 e o filme retrata o período da década de 60, na qual os métodos de opressão estavam muito acentuados. Muitos representantes do governo agiam contra a vontade própria se submetendo à prática de ações que arruinavam a vida de muitos brasileiros. Há uma cena no filme que demonstra bem o fato citado: enquanto os freis realizavam uma oração e distribuíam a representação do Corpo de Cristo, oferecem a todos os presos e em seguida, sem terem uma visão diferente sobre seus “inimigos”, também o fazem para os militares e para o carcerário. Os militares negam sem hesitar, enquanto o carcerário pensa em aceitar, mas temendo o que podia lhe ocorrer caso o fizesse, recusa a hóstia, com uma expressão de impotência – retratando bem a submissão sofrida até mesmo pelo lado aliado ao Estado.

    Conhecer a história é importante para a evolução humana, evitando erros passados. O filme ajuda na identificação histórica brasileira evidenciando fatos descritos por Frei Betto, um dos personagens sobreviventes da ditadura. É interessante que a população brasileira tenha contato com a luta de seus antepassados para que possuam uma identidade com a sua nação.

    O vídeo a seguir mostra a cena em que é oferecida a hóstia ao carcerário:


segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Análise Batismo de Sangue

     Assistimos, nesse bimestre, o filme Batismo de Sangue, que é retratado em São Paulo no fim da década de 60. Conta a história de religiosos da Igreja Católica torturados pelo regime militar, os principais eram Frei Tito (que acabou se suicidando enquanto estava exilado em Paris) e Frei Beto. Como no trailler do filme diz, eles transformaram religião em luta pela liberdade.
     O convento dos freis dominicanos se torna uma das mais fortes resistências a ditadura militar vigente no Brasil. Depois de um tempo eles são descobertos, presos e terrivelmente torturados. O filme retrata muito bem como eram feitas as torturas antigamente, o que deixa tudo bem impressionante e verdadeiro, nos faz refletir quantas pessoas ja sofreram e até mesmo se foram por causa de tal crueldade. Certas cenas nos deixam inconformados com a baixeza do ser humano que maltrata desse jeito um semelhante para obter informações.
    O filme tem muitas cenas que merecem destaque, mas duas delas, principalmente, nos chamaram atenção: Quando Frei Tito pôde sair da prisão junto com outros presos e todos vão embora cantando o hino nacional. E quando, ainda na cadeia, os freis fazem uma missa ali mesmo substituindo a hóstia por bolachas e vinho por suco de uva. Elas passam muita emoção ao telespectador, que parece sentir na pele o que muitos brasileiros passaram nessa época de extrema repressão.



terça-feira, 11 de setembro de 2012

11 de Setembro - Uma data, várias histórias

          Há exatamente onze anos o mundo se deparou com uma das maiores tragédias da atualidade: o desabamento das famosas Torres Gêmeas, o Word Trade Center, após o choque com dois aviões comerciais.

          Não se tratava de um mero acidente, como se acreditou a princípio: Na manhã do dia 11 de setembro de 2001, dezenove terroristas da Al-Qaeda sequestraram quatro aviões comerciais, a jato, de passageiros. Os sequestradores intencionalmente bateram dois dos aviões contra as Torres Gêmeas do World Trade Center em Nova Iorque, matando todos a bordo e muitos dos que trabalhavam nos edifícios. O terceiro avião caiu contra o Pentágono, sede do Departamento de Defesa dos Estados Unidos e o último avião caiu em um campo próximo de Shanksville, na Pensilvânia, depois que alguns de seus passageiros e tripulantes tentaram retomar o controle do avião. Acredita-se que a meta final dos sequestradores seria o Capitólio (sede do Congresso dos Estados Unidos). Houve um total de 2.996 mortes, incluindo os 19 sequestradores e as 2.977 vítimas.
 
 


       Imagens da colisão dos aviões                                            



 
           A reação dos Estados Unidos aos ataques foi rápida, resultando nas Guerras do Afeganistão e do Iraque. Os EUA declararam uma guerra permanente contra o terror, contra os países que pudessem fazer parte do chamado “eixo do mal” e que poderiam estar envolvidos direta ou indiretamente com o terrorismo, apoiando Osama Bin Laden. O que se seguiu foi a disseminação de um medo internacional de possíveis ataques, além do preconceito e intolerância contra a comunidade islâmica, uma das consequências mais negativas de todo esse episódio. Contudo, especialistas afirmam que nas entrelinhas desses empreendimentos contra o terror estava um projeto de expansão e fortalecimento da hegemonia norte-americana no mundo e que tinha a questão do combate ao terrorismo mais como pretexto do que como objetivo.



Teorias Conspiratórias

           Ao longo dos anos foram emergindo dezenas de teorias da conspiração. Muitos não acreditam na explicação oficial de que a rede terrorista Al-Qaeda foi a responsável pelos ataques. Acreditam que foi um grupo composto por elementos do Governo norte-americano que esteve envolvido numa larga conspiração belicista, de forma a poder justificar as ações militares posteriores no Afeganistão e Iraque.
           Entre todas as teorias da conspiração que foram emergindo ao longo dos anos, há as mais famosas que ainda hoje permanecem vivas e são alimentadas pelos teóricos que acreditam que os ataques tiveram interferência americana, e estas são
:

            "Por que as Torres Gêmeas ruíram tão depressa, em consequência de incêndios que duraram menos de duas horas (56 minutos na Torre 2 e 102 minutos na Torre 1)?"
           Os conspiradores acreditam que, em vez de ruírem por ação do fogo, as torres foram demolidas por explosivos, implantados posteriormente ao ataque e dizem também haver relatórios que indicam que foram ouvidas explosões pouco antes do colapso.

           Os teóricos da conspiração questionam: "Por que ruiu um arranha-céu que não foi atingido por nenhum avião e que nem sequer era um dos edifícios imediatamente adjacente às Torres Gêmeas?"
           Por que ruiu esse em particular e mais nenhum outro (à exceção das torres atingidas)? Os conspiradores argumentam que este edifício foi estrategicamente demolido porque nele estavam instaladas unidades governamentais sensíveis.

           ● Outra pergunta apresentada pelos conspiradores é a seguinte: "Por que um dos exércitos mais poderosos do mundo não conseguiu interceptar nenhum dos quatro aviões que foram desviados?"
           Os teóricos da conspiração argumentam que foi o próprio vice-presidente da época, Dick Cheney, que ordenou ao Exército que não interceptasse os aparelhos. Soube-se depois que, nesse dia 11 de Setembro, havia um exercício militar de rotina e que houve falhas de comunicação entre o controlo aéreo civil (da responsabilidade da Federal Aviation Administration) e o controle aéreo militar.

          Essas teorias ainda geram dúvidas em pessoas de todo mundo. Segue um documentário muito interessante sobre o ataque às Torres Gêmeas e testemunhos e evidências que conflitam diretamente com a versão dada pelo governo dos Estados Unidos.
 
ZERO: Uma investigação sobre o 11/09:

 
 
          Há também um aplicativo para produtos da Apple (iPod, iPhone e iPad), em inglês, onde há informações sobre o acontecimento, depoimentos de quem estava nas Torres no momento e várias fotos, segue o link:
 
  

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Marighella: se foi o homem, ficou a lenda


Carlos Marighella nasceu em Salvador no dia 5 de dezembro de 1911. De origem humilde, ainda adolescente, despertou para as lutas sociais. Aos 18 anos iniciou curso de Engenharia na Escola Politécnica da Bahia e desde já tornou-se militante do Partido Comunista, dedicando sua vida à causa dos trabalhadores, da independência nacional e do socialismo.

Contando diversos anos de prisão, tendo sido baleado, espancado e torturado, chegou a ser considerado o inimigo público número 1 nos anos de chumbo da ditadura brasileira. Em uma ocasião, inclusive, mesmo preso, foi eleito para o Comitê Central. Em 1967, por discordar das linhas que o Partido Comunista tomava e acabar sendo expulso do mesmo, fundou a Ação Libertadora Nacional - ALN, optando pela luta armada. Sua organização sobreviveu mesmo depois de sua morte, em 1969.

Marighella, que além de guerrilheiro, era escritor e poeta, deixou diversos escritos, que correram o mundo - sua primeira prisão, inclusive, se deveu a parte de sua produção intelectual, com versos que ridicularizavam o interventor de Vargas, Juracy Magalhães. 

Pode-se até discordar de seus princípios e a forma com que ele tentava alcançá-los, mas, inegavelmente, os ideais do militante se perpetuarão, o que pode ser observado pelas diversas formas pelas quais sua história está sendo contada; ainda nesse mês, foi lançado um documentário de sua vida - ou "depoimentário", uma vez que conta com mais características emocionais que factuais -, cujo trailer se encontra abaixo:


O grupo de rap Racionais MCs lançou, também esse ano, o videoclipe da canção Mil Faces de um Homem Leal, tipo de tributo ao guerrilheiro que faz parte da trilha sonora do filme:


Com lançamento previsto para outubro, "Marighella: o guerrilheiro que incendiou o mundo" é a biografia resultante de uma pesquisa de 9 anos do jornalista Mário Magalhães, que, essa sim, promete fazer um verdadeiro "raio-x" da vida do militante. Magalhães afirma: “Ninguém precisa necessariamente amar ou odiar Marighella. Mas é impossível ficar indiferente à epopeia que ele viveu. É uma vida espetacular. Você pode concordar ou discordar das opiniões dele, ter simpatia ou não pela trajetória dele, mas é um épico."

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

"Se ser livre é ser vadia, somos todas vadias!"


Poucos brasileiros, ao ouvirem “Marcha das vadias”, entenderão do que se trata. O movimento de caráter internacional iniciou-se em 3 de abril de 2011 em Toronto, no Canadá, e hoje é conhecido pelo mundo inteiro por lutar pelos direitos da mulher, que ainda sofre desigualdades diante dos homens.


As passeatas já ocorreram várias vezes no Brasil e contam sempre com mulheres vestindo roupas provocantes como blusas transparentes, lingerie, short ou simplesmente nada. O maior propósito da marcha é chamar a atenção de todos e deixar claro que as mulheres não pedem para ser estupradas e abusadas fisicamente por causa de suas vestimentas. O nome “marcha das vadias” ironiza, também, o fato dos homens tacharem as mulheres como tais por causa de suas roupas, sua personalidade, ou, ainda, pelo simples fato de ser mulher.

O mundo vem caminhando para a igualdade de gêneros devido a movimentos como este, e é claro, importantes ícones como Angela Merkel (chanceler alemã), Hilary Clinton (secretária de estado norte-americana) e Dilma Rousseff (presidente do Brasil), que estão representando os três primeiros lugares como mulheres mais importantes do mundo, segundo a Forbes.com. É claro que o índice de estupros ainda existe e é muito alto, entretanto, o potencial e a garra feminina ainda podem reverter esse quadro e fazer história não só no Brasil, mas no mundo.



Se você, como nós, mora na cidade de Santos-SP e tem interesse em saber um pouco mais sobre a Marcha das vadias, clique aqui para acessar o página do movimento no Facebook.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Chico Buarque, a voz de um povo



Durante a época da ditadura militar a música popular brasileira destacou-se com grande importância, sendo de forma implícita uma crítica ao governo e um movimento de união contra o regime da época. Foram diversos artistas que lutaram e sofreram pelo bem da nação. Podemos ressaltar alguns nomes conhecidos, como Caetano Veloso, Geraldo Vandré, Gilberto Gil, Ivan Lins, entre outros. Mas nosso grupo resolveu focar em um grande personagem, a quem todo o Brasil deve muito. Mesmo durante seu exílio, permaneceu compondo em contraposição à ditadura. Sempre lutou pelo seu direito e de seus irmãos de nação. 

Referimos-nos ao grande Chico Buarque. Nascido em 1944, na cidade do Rio de Janeiro, se mudou pra São Paulo dois anos depois. Filho do conhecido historiador Sérgio Buarque de Hollanda e da pianista amadora Maria Amélia Cesário Alvim, ingressou na faculdade de arquitetura da USP, mas largou os estudos para se dedicar à música. Em 1964 compôs sua primeira música – Tem mais samba. Em 1966 começaram seus problemas com a censura. Em 1968, em um teatro onde a peça roda-viva – de sua autoria – era exibida, o CCC invadiu e espancou o elenco. Foi também, no mesmo ano, detido pela primeira vez. Em meio a tanta repressão, o cantor exilou-se voluntariamente em Roma em 1969. Prosseguiu lançando composições, e após algum tempo voltou ao Brasil. Foi preso em 1978 ao voltar de Cuba. Em 1984 participou ativamente da campanha "Diretas Já", na qual lutava por eleições diretas e participação ativa dos cidadãos no governo, e sua música “Pelas Tabelas” foi considerada um hino informal da campanha. Em meio a tantos episódios, Chico sofreu muito nas mãos do sistema, assim como inúmeros brasileiros. Muitos não resistiram e faleceram em meio a tamanha desumanidade, mas ainda nos restaram alguns dos heróis que lutaram por justiça e direitos naquela onda de totalitarismo.

Para melhor explicarmos a participação desse símbolo da música brasileira e mostrarmos o quão importante a arte foi em meio àquele pesadelo, seguem alguns trechos de canções de Chico Buarque. Faremos breves comentários sobre alguns significados em meio à música, já que o sentido tinha de ser trazido indiretamente – driblando a censura imposta pelo regime militar.

Cálice – 1978


Pai! Afasta de mim esse cálice

De vinho tinto de sangue

Como é difícil acordar calado

Se na calada da noite eu me dano
Quero lançar um grito desumano
Que é uma maneira de ser escutado
Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada, prá a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa.

Na música cálice, a palavra mostra a repressão da época – já que a pronúncia remete a “cale-se”. O sangue expressaria o sofrimento em meio à tortura pela qual o país era tomado. Mostrava, assim como percebe-se no trecho, a angústia em meio à falta da liberdade de expressão e o desespero que não mais se aguentava, prestes a – como ele mesmo diz – “emergir o monstro da lagoa” e agir irracionalmente sem preocupar-se com a reação do governo.

Apesar de você - 1978


Hoje você é quem manda

Falou, tá falado
Não tem discussão, não
A minha gente hoje anda
Falando de lado e olhando pro chão
(...)
Apesar de você
Amanhã há de ser outro dia
Eu pergunto a você
onde vai se esconder
Da enorme euforia?
(...)
Quando chegar o momento
Esse meu sofrimento
Vou cobrar com juros. Juro!


Essa talvez seja a música mais explicita de Chico – mesmo que ainda tenha tido algumas partes censuradas, como um trecho que dizia sobre a queda de um castelo, se referindo indiretamente ao general Castelo Branco. Pegamos apenas alguns trechos, mas para quem se interessar, aqui está a letra completa (infelizmente, achamos apenas a versão “podada” pelos militares). Mostra a crescente revolta popular e a insatisfação em relação àquela vida de mentiras, àquela prisão que sentiam a cada dia.


Meu caro amigo – 1976


Meu caro amigo me perdoe, por favor

Se eu não lhe faço uma visita
Mas como agora apareceu um portador
Mando notícias nessa fita


Aqui na terra tão jogando futebol

Tem muito samba, muito choro e rock'n'roll
Uns dias chove, noutros dias bate o sol

Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta



A música “Meu caro amigo” se trata de uma carta a um amigo que fora exilado. Em meio a tantas pessoas sendo expulsas de seu país, tenta mostrar que embora tudo pareça normal e pacífico continua a piorar – só que nada é mostrado, tudo é oculto pela mídia: “mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta”.


Vai passar – 1984


Vai passar nessa avenida um samba popular

(...)
E um dia afinal
Tinham direito a uma alegria fugaz
Uma ofegante epidemia
Que se chamava carnaval
(...)
Meu Deus, vem olhar, vem ver de perto uma cidade a cantar
A evolução da liberdade até o dia clarear

A confiança de um amanhã melhor é o tema principal. A ditadura perdia poder em meio ao movimento popular – em cujos comícios eram reunidas quase um milhão de pessoas – com a força de políticos da oposição. O carnaval expressa a liberdade e a alegria de um povo que se libertava da opressão. É uma música alegre, já anunciando o breve fim do sistema que por décadas massacrou sonhos, torturou vidas e enterrou a liberdade. Era o começo de um novo Brasil!

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Influências do nazismo no Brasil

Durante o governo de Getúlio Vargas, a Segunda Guerra Mundial estava em andamento na Europa. Com o ataque à base naval americana de Pearl Harbor, foi necessária a entrada dos Estados Unidos no embate, o qual até então apresentava uma posição "neutra" em relação à guerra. Um programa gravado, chamado "A Tentação Totalitária", mostra a grande aproximação do Brasil com a Alemanha e Itália e a grande afinidade de Getúlio Vargas com o nazifascismo.

Partidos haviam sido proibidos, políticos foram cassados, jornais e revistas que não agradassem ao governo eram perseguidos. Nos anos 30, vivíamos sob a ditadura do Estado Novo, que era praticamente uma cópia da carta do ditador fascista italiano Benito Mussolini, de quem Getúlio não escondia ser admirador. Além do mais, no Brasil, ainda existiam muitos jovens que eram integralistas, ou seja, desejavam um país totalitário e chegavam a se envolver com espancamentos de negros, judeus e estrangeiros.

Além de ideais autoritários como esses, o Brasil mantinha certa amizade com a Alemanha, uma vez que este era o segundo país que mais consumia produtos brasileiros. Além disso, nessa época, alguns policiais e militares viajaram para a Alemanha, onde treinaram com a Gestapo, a polícia política de Hitler. Nesse contexto, os brasileiros entregaram aos nazistas os comunistas e judeus alemães residentes do Brasil. Dessa forma, estava claro que Getúlio estava mais próximo de apoiar o Eixo do que os Aliados. 

Entretanto, após o citado ataque japonês em Pearl Harbor, o Brasil rompeu relações com o Eixo. Em 31 de agosto, depois de 6 navios brasileiros serem afundados por submarinos alemães em apenas 4 dias, Getúlio declarou guerra. De um dia para o outro, alemães, italianos e japoneses viraram inimigos da pátria. Os alemães que estavam pelo Brasil foram convidados a deixar o país e intimados a comparecer à delegacia mais próxima. Alguns foram presos acusados de “falar alemão em público”. O Brasil, pois, passou a apoiar os Estados Unidos na guerra - mesmo com essa aliança, porém, os métodos de torturas utilizadas no Novo Estado e na Ditadura Militar no Brasil poderiam muito bem serem comparadas com algumas atitudes do nazismo na Alemanha.


CURIOSIDADE

Poucos sabem que, a partir de 1997, foram expostos publicamente arquivos da Delegacia de Ordem Política e Social (Deops) do governo Getúlio Vargas. A partir disso, pode-se ver que os pesquisadores descobrem, a cada dia, algo novo sobre o assunto. Um exemplo é o da professora Ana Maria Dietrich, da Universidade de São Paulo, que há anos pesquisa milhares de documentos do Deops (os quais se encontram atualmente sob a guarda do Arquivo do Estado de São Paulo). Segundo ela, os documentos relevam um nível surpreendente da influência nazista no Brasil.

Maluco -CENSURA- Beleza



Ontem, dia 21 de agosto de 2012, completou 23 anos que o Brasil perdeu um de seus maiores compositores e primogênitos do rock nacional. Raul Santos Seixas, baiano, teve como influência musical o blues e o rockabilly de Elvis Presley. Vocês devem estar se perguntando o que isso tem a ver com os assuntos discutidos aqui no Esclaricendo; e eu lhes direi.

Raulzito, assim chamado, afiliou-se com Paulo Coelho, escritor, letrista e filósofo esotérico que possuía idéias e fundamentos ligados ao movimentos de vanguarda e hippie; tal aliança foi fundamental para a criação da Sociedade Alternativa, que foi interpretada de forma errônea pelo governo. A Sociedade era baseada nos escritos do ocultista inglês Aleister Crowley, cuja Lei de Thelema era baseada nos preceitos "Faze o que tu queres há de ser tudo da lei" e "Amor é a lei, amor sob vontade".

Uma vez que a Sociedade Alternativa chegou aos ouvidos da Ditadura, Raul passou a ser perseguido, visto que o governo reprimia qualquer atitude considerada subversiva, que influenciasse as pessoas a se voltarem contra o poder. A censura da época era algo que proibia a liberdade de expressão, musical e cultural, portanto os artistas do período usavam e abusavam de figuras de linguagens, metáforas, entre outros, para tentar driblá-la e conseguir fazer com que sua arte mudasse o pensamento das pessoas. O "maluco beleza", juntamente com Paulo Coelho, em 1974, foi mandado aos Estados Unidos por conta do exílio. Muitos outros compositores foram exilados para Europa e para outros locais, como por exemplo Caetano Veloso, Chico Buarque e Gilberto Gil.

Raulzito teve cerca de 18 composições vetadas pela censura, entre elas: Ouro de Tolo, Metrô Linha 743, Aluga-se, Sociedade Alternativa, Cowboy Fora da Lei, Mosca na Sopa e uma das mais famosas: Como Vovó Já Dizia. Abaixo segue a versão original da canção:

Quem não tem colírio, usa óculos escuros (2x)
Quem não tem colírio, usa óculos escuros essa luz tá muito forte tenho medo de cegar
Quem não tem colírio, usa óculos escuros os meus olhos tão manchados com teus raios de luar
Quem não tem colírio, usa óculos escuros eu deixei a vela acesa para a bruxa não voltar
Quem não tem colírio, usa óculos escuros acendi a luz do dia para a noite não chiar

Quem não tem colírio, usa óculos escuros quem não tem papel dá o recado pelo muro
Quem não tem presente se conforma com o futuro

Quem não tem colírio, usa óculos escuros já bebi daquela água quero agora vomitar
Quem não tem colírio, usa óculos escuros uma vez a gente aceita, duas tem que reclamar
Quem não tem colírio, usa óculos escuros a serpente está na terra o programa está no ar
Quem não tem colírio, usa óculos escuros vim de longe de outra terra pra morder teu calcanhar
Quem não tem colírio, usa óculos escuros essa noite eu tive um sonho, eu queria me matar
Quem não tem colírio, usa óculos escuros tudo tá na mesma coisa, cada coisa em seu lugar
Quem não tem colírio, usa óculos escuros com dois galos a galinha não tem tempo de chocar
Quem não tem colírio, usa óculos escuros tanto pé na nossa frente que não sabe como andar

E eis aqui a música com letra censurada:


Por fim, outra composição censurada de Raul, Metrô Linha 743: