Toda
virada de ano é tempo de guerra para muitas centenas de milhares de jovens
brasileiros. O alvo é um lugar na faculdade, e o campo de batalha, o temido
vestibular - motivo de mudança de hábitos, de tensão e angústia que as pressões
familiares apenas conseguem agravar.
O vestibular é o resultado de meses
de esforço, angústias e rotinas alteradas, um processo difícil e sofrido na
opinião de todos, incluindo educadores e estudantes. Mas como poder selecionar
se a quantidade de vagas é bem menor que a de alunos? Os exames são feitos nas
piores condições psicológicas, em três, quatro dias, com um vastíssimo programa
que pretende avaliar onze anos de estudo como forma de predizer o sucesso na
universidade.
Supõe-se que os aprovados são os
melhores, mas nem sempre isso é o que acontece. Existem alunos muito
inteligentes que não entram nem na primeira, nem na segunda vez, pode ser
talvez por causa de um “branco” momentâneo ou não estava bem naquele dia.
O momento de espera das listas de
aprovados é o pior, pois você não sabe se foi bem o suficiente para passar e
muitas vezes tem o medo da família. Pois, querendo ou não, a opinião dos pais
sempre pesa na hora da escolha da carreira.
No entanto, a expectativa de passar
nos vestibulares mais cobiçados do país não é só por parte dos pais, há também
uma cobrança pessoal, na qual você se imagina logo numa faculdade e não
consegue nem pensar em passar mais um ano em um cursinho preparatório.
Mas se não for esse o ano, a vida não
vai acabar, mas uma coisa é certa, seja qual for a carreira escolhida, os
nervos dos candidatos passam por uma dura prova, a responsabilidade é muito grande
e por isso se renuncia até o melhor da vida, os amigos, pois no vestibular você
está decidindo sua vida.
Invenção chinesa, os exames surgiram
em torno do século X, quando imperadores chineses idealizaram um sistema novo
para selecionar funcionários, ao invés de apadrinhá-los, pela primeira vez o
candidato era submetido a rigorosas provas. Foram precisos oito séculos e uma
revolução para que esse sistema chegasse à Europa. Já no Brasil os exames para
as faculdades começaram em 1911.
De fato, ninguém escapa do vestibular
hoje em dia. Nos EUA, por exemplo, a seleção é feita por meio das notas obtidas
no colegial, mais um teste de aptidão e outro de conhecimentos. Já os jovens alemães são avaliados pelo abitur, como é chamado
ali o rigoroso exame. Se não passarem no primeiro vestibular, no segundo só
poderão concorrer à metade das vagas. Se derem o azar de não passar de novo,
nunca mais poderão disputar uma vaga na universidade. No extremo oposto está a
Argentina, onde o governo do presidente Raul Alfonsín acabou com os
vestibulares tradicionais. Assim, qualquer estudante que tenha concluído o segundo
grau pode entrar no chamado ciclo comum básico da universidade. É aí que a
seleção se realiza de fato, pois nele todas as provas são eliminatórias.
No Brasil, um sistema de avaliação
como esses não seria possível porque existem diferenças muito grandes de
programas ministrados nas escolas de segundo grau, tanto nas particulares
quanto nas públicas.
Assim, o jeito é enfrentar a fera,
enfrentando todos os medos e angústias dessa fase, pois uma hora tudo isso
passa!