sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Segundo turno na capital


Levando em consideração toda a importância e dependência que o nosso país tem em relação ao estado de São Paulo e principalmente à sua capital, é facilmente notável a relevância das eleições que giram em torno da mesma. Após um primeiro turno onde o candidato José Serra (PSDB) apresentou uma virada nas pesquisas, conquistando assim a vaga para o 2º turno com uma pequena vantagem sobre seu adversário Fernando Haddad (PT) , ambos com suas campanhas efetivas tiraram da disputa Celso Russomanno (PRB), que liderou grande parte das pesquisas de intenção de voto na primeira etapa.

Os dois candidatos já possuem uma trajetória dentro da política - Serra foi governador do estado de São Paulo (2007 a 2010), prefeito da capital paulista (2005 e 2006), ministro do Planejamento (1995 e 1996) e da Saúde (1998 a 2002) no governo Fernando Henrique Cardoso (1995 a 2002), senador (1995 a 2003), deputado federal (1987 a 1994) e candidato à presidência da República em 2002 e 2010, enquanto Haddad foi chefe de gabinete da Secretaria de Finanças na gestão da prefeita Marta Suplicy em São Paulo e ministro da Educação entre 2005 e 2012, quando se licenciou para disputar a Prefeitura de São Paulo. O convite partiu do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que defendeu a escolha de Haddad em detrimento de nomes tradicionais do PT, como o de Marta.

Desta forma a disputa pela prefeitura parecia trilhar por uma acirrada disputa entre os candidatos, porém nesta última quarta-feira (17/10/12), Haddad, que possuía 11 pontos de vantagem sobre Serra, abriu 16 pontos percentuais de acordo com as pesquisas realizadas pelo Ibope, aumentando assim, gradativamente, sua ascensão na Capital São Paulo.

Abaixo seguem as respostas de cada partido sobre a pesquisa em entrevista ao jornal O Globo:

O vereador Antonio Donato, um dos coordenadores de campanha de Haddad, avaliou como satisfatória a pesquisa, mas disse que ainda “faltam 10 dias para a eleição”.
- Vamos continuar trabalhando da mesma forma, como se tivéssemos atrás. A eleição é só no dia 28. Ficamos felizes com o reconhecimento, mas temos que receber com tranquilidade e humildade, e trabalhar porque ainda faltam 10 dias para a eleição.

Já o deputado Orlando Morando, um dos coordenadores da campanha tucana, questionou os últimos resultados das pesquisas do instituto.
- O Ibope não foi uma boa referência no primeiro turno, errou absolutamente tudo. Vamos continuar o trabalho. Outras pesquisas de avaliação interna nossa não mostram esses números. Eles erram exatamente em todo o período, e depois eles fazem, no dia da eleição, pesquisa de boca de urna para dizer que acertaram.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

1984: THE BIG BROTHER


George Orwell era declaradamente esquerdista, mas a despeito disso compreendeu o totalitarismo stalinista que eliminava todos os opositores do regime e, é claro, sabia igualmente da existência de regimes ditatoriais de direita e das atrocidades por eles cometidas. Apesar deste tema específico, o totalitarismo político que passa a impregnar a vida de todos os cidadãos e ditar o rumo de suas vidas, dizendo a todo o momento, a partir de um onipresente sistema de informação e comunicação de ideias do regime político dominante, “1984” vai muito além disto, e, certamente, se torna um clássico justamente por não ser raso e panfletário. 


A obra de Orwell escancara a ideia de lavagem cerebral coletiva operada pelo sistema a mando do Grande Irmão (Big Brother), que tudo vê e tudo sabe através do uso das modernas tecnologias, com telas espalhadas por todos os lados a monitorar e "fazer a cabeça" de cada ser humano “integrado” ao seu universo. "1984" nos coloca num cenário em que as máquinas são acessórios e a maldade é humana em sua origem. Ele também, retrata a história de um funcionário que, numa sociedade totalitária onde as emoções são consideradas ilegais, comete o atrevimento de se apaixonar. A adaptação do clássico feita por Michael Radford é provocante e não deixa a desejar, representando brilhantemente o controle da privacidade dos cidadãos através dos telões, bem como a aventura que o personagem enfrenta ao desafiar o Sistema.

A obra foi publicada em 1949 e constitui pensamentos que se propõem a nos colocar no pior dos cenários futuros, aquele em que apenas nos preocuparemos em sobreviver e acabaremos nos submetendo a um sistema político repressor, policiado e controlador até mesmo de nossos pensamentos. Uma de suas principais características e, certamente, das mais atuais e importantes para as novas gerações remete a questão da desumanização. Apesar de as máquinas constituírem apenas meios para o efeito do domínio do "Grande Irmão", é através destes recursos que se coloca em operação a lavagem cerebral.


quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Eleição dos Estados Unidos


No dia 6 de novembro deste ano, os estadunidenses decidirão se manterão o atual presidente Barack Obama no poder ou se darão lugar ao republicano Mitt Romney. Pode parecer apenas mais uma eleição, como a de qualquer outra nação, mas essa é uma a que se deve dar bastante atenção - querendo ou não, os Estados Unidos ainda são, sim, a maior potência mundial, uma vez que exercem bastante influência no mundo, e é até dito que a eleição presidencial americana é equivalente a uma eleição internacional.


Diferentemente do Brasil, onde as diferenças dos partidos não são tão latentes, os EUA possuem o Partido Democrático e o Republicano, cujas linhas ideológicas são bastante delimitadas. O primeiro é caracterizado pela organização de centro-esquerda, com a proposta de equilibrar o capitalismo com programas sociais. Apoiado pelos sindicatos, defende o direito das minorias, ao aborto e à educação pública. Os republicanos, por sua vez, defendem uma economia mais liberal, o que a princípio soa bom, mas trata-se da "lei da oferta e da procura" em sua forma mais crua. No campo social, o partido defende políticas conservadoras de defesa da família, opõe-se ao casamento entre homossexuais ou o financiamento de abortos com recursos públicos: seu eleitor típico é branco, religioso e favorável ao capitalismo.

Eis a principais características dos candidatos:






 
Para discutirem suas propostas - principalmente sobre os rumos que a economia do país tomará e relações exteriores -, os candidatos se encontrarão em três debates: o primeiro, hoje, dia 3 de outubro, em Denver, no Colorado, com o tema principal política interna; o segundo será em formato de "encontro" e os eleitores irão questionar diretamente os candidatos sobre vários assuntos, de acordo com o site da Comissão de Debates Presidenciais. Será realizado em Hempstead, Nova York, onde ocorreu o debate final entre Obama e o senador republicano do Arizona, John McCain, nas eleições de 2008. Ele ocorrerá no dia 16 de outubro. O terceiro e último debate ocorrerá no dia 22, em Boca Raton na Flórida, e abordará a política externa. Haverá também um único debate entre os candidatos a vice-presidente, que ocorrerá no Kentucky e abordará uma gama de assuntos internos e externos.

Para aqueles que se interessam pelo assunto e julgam ser importante acompanhar o processo da eleição, todos os debates ocorrerão às 22h, horário de Brasília, e serão transmitidos pelo canal Globo News. Para aqueles que não tiverem TV a cabo, pode-se assistir com o áudio original ou traduzido pelo site G1.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Desentrincheirando os games

Aprender história, às vezes, pode ser muito confuso e é necessária certa dedicação para as pessoas que possuem dificuldades nesta disciplina.
Pois bem, muitos procuram um modo alternativo de auxiliar na aprendizagem, utilizando filmes, livros, documentários, esses são métodos bastante usados pela maioria, porém se esquecem que o vídeo-game pode ser um grande aliado na compreensão dos fatos históricos da época.

Os jogos de tiro em primeira pessoa sempre necessitam de um objetivo e o contexto e os cenários mais utilizados, são os de guerra, focando muito na Primeira Guerra Mundial, Segunda Guerra Mundial, Guerra do Vietnã e na Guerra do Oriente Médio.
As missões realizadas durante o jogo ajudam o jogador a entender como a guerra funcionava, os objetivos, o imperialismo, a questão sócio-econômica, a política do país em questão e muitas coisas que não ficam tão claras durante as aulas, são possíveis “vivenciar” jogando. Um exemplo disso é a guerra de trincheiras, o funcionamento dos tanques de guerra, a importância de submarinos e aeronaves, os armamentos pesados criados na época, entre outros.

Os jogos retratam muito bem a realidade e até prevêem de como será a 3ª Guerra Mundial, reproduzida no jogo Call Of Duty : Modern Warfare 3. Alguns jogos são bem fiéis e relatam até o uso de tortura durante a guerra com os seus personagens, outros por serem de cunho fictício, fazem o término do jogo fantasioso.

A série de jogos Battlefield relata quase todas as guerras que o mundo já teve e o cenário é bem fiel ao que os livros e a história conta.
Battlefield 1942 se passa na Segunda Guerra Mundial, e usava a tecnologia (engine) refrector, e tinha introduzido o modo conquista, onde os jogadores tinham que capturar pontos do mapa. Os cenários continham: praias de Normandy, desertos do norte da África, a batalha de Midway no Japão, Guadalcana e outros. O jogo contava com Tanques, jipes, aviões e barcos a disposição dos jogadores, os deixando lutarem em famosas batalhas da segunda guerra mundial por terra, mar e ar.


Medal Of Honror é uma série de jogos idealizada pelo cineasta norte-americano Steven Spielberg, situando-se na Segunda Guerra Mundial, o jogador encarna o tenente Jimmy Patterson, um soldado ligado a OSS, Organização Secreta Militar dos EUA. São representados nos jogos, alguns momentos históricos, tais como o desembarque em Normandia, cujo momento deu origem ao filme O Resgate do Soldado Ryan, dirigido também por Steven Spielberg. Nas outras edições possuem soldados diferentes e com objetivos diferentes.
Na Alemanha, toda a série foi considerada controversa, devido aos símbolos nazistas, como emblemas, uniformes e bandeiras, que podem ser encontrados ao longo dos jogos. Naquele país, este tipo de simbologia só pode ser usado para referências históricas. Assim, foi considerado inadequado para os mais jovens e disponibilizado apenas para pessoas com idade superior a 18 anos, e toda a publicidade foi retirada.







quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Revolta Islâmica Contra Vídeo Norte-Americano


Recentemente um vídeo produzido nos Estados Unidos gerou uma revolta na população muçulmana; os autores do vídeo amador satirizam o profeta Maomé, retratando-o como um mulherengo. Isso provocou uma semana de protestos violentos por todo o mundo muçulmano. 
 
Em vários países, como Afeganistão, Indonésia e Iraque ocorreram manifestações contra o vídeo, pois era uma ofensa gravíssima à religião e à cultura dos muçulmanos. Houve, no Afeganistão, dezenas de feridos, além de queimarem carros e os arremessarem contra os agentes. Na Indonésia, a embaixada dos Estados Unidos foi o ponto de encontro para a manifestação e no Iraque ocorreu um atentado suicida executado na área que abriga a embaixada dos Estados Unidos e outras representações diplomáticas.
 
Alguns protestos irromperam em frente às embaixadas americanas do Cairo, no Egito, e de Benghazi, na Líbia. Alguns manifestantes destroçaram a bandeira estadunidense e os ataques chegaram ao interior da embaixada, durante os quais morreram, entre outros, o embaixador e representante de Washington, Cristopher Stevens.
A verdadeira identidade do autor do filme seria Nakoula Basseky Nakoula, um cristão copta egípcio residente nos Estados Unidos, mas sua verdadeira identidade e localização ainda são investigadas. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, lamentou o conteúdo do material e afirmou não ter nenhuma relação com o vídeo, além de ordenar reforço das embaixadas americanas.
 
Logicamente, os muçulmanos estão correndo atrás de seus direitos. Talvez esse não seja a melhor forma de  promover um fim, digamos, diplomático, para a história, mas as revoltas e ataques são os modos pelos quais os muçulmanos buscam se proteger e proteger seu Deus. De fato, trata-se de uma ofensa, pois a sátira a Maomé promove e perpetua a “guerra” histórica existente entre estadunidenses e islâmicos.
 
Para assistir ao vídeo, clique no player abaixo:
 

sábado, 22 de setembro de 2012

Batismo de sangue: É preferível morrer que perder a vida

                “Batismo de Sangue”, fime baseado no livro de Frei Beto, conta a história de freis do convento dos frades dominicanos, que na década de 60, se tornou uma forte resistência a ditadura militar. O filme é impactante, pois mostra toda a tortura passada pelos freis naquela época.






A obra relata a história principalmente dos frades Tito, Betto, Oswaldo, Fernando e Ivo, que se envolvem com Carlos Marighella, líder revolucionário do grupo “Ação Libertadora Nacional”, que lutava contra a influência nazista no Brasil. Após uma conversa entre Frei Diogo e os frades, o grupo decide se dispersar pelo país para que não sejam alvo de tortura. 
Então, Frei Ivo e Frei Fernando vão para o Rio de Janeiro, porém lá são surpreendidos por militares e torturados. A tortura tinha como finalidade a resposta para a seguinte questão: Onde era o local de reunião do grupo. Queriam surpreender Marighella. Porém foi difícil de conseguir essa informação. Após muita tortura e muito sofrimento, os frades não aguentaram mais e acabaram dando a informação do local e horário da reunião com seu líder. Os militares foram até o local e assassinaram Marighella.







Infelizmente, essa é apenas uma das milhares histórias de tortura, sequestros e muitos outros abusos cometidos  durante o regime militar no Brasil. Porém a obra torna-se de grande importância. 
Todos os canais de comunicação sofreram também censura, fazendo com que o regime militar fosse muito bem "mascarado". Muitos que viveram naquela época, vieram a descobrir o que aconteceu  apenas alguns anos depois. Sendo assim, Batismo de Sangue tem grande valor histórico pois revela de forma direta e verdadeira a falta de democracia, supressão de direitos constitucionais, censura, perseguição política e repressão aos que eram contra o regime militar

O filme é baseado na história real desses freis, uma história cruel e torturante que assombrou nosso país nessas décadas “escuras”. Vale a pena ver, mas é preciso ter sangue frio para encarar as cenas de crueldade. Para quem quiser, segue o link abaixo com o filme, na íntegra:   

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Batismo de Sangue - Um novo olhar


                

       Pouca importância é dada ao titulo do filme ‘batismo de sangue’.  O que muitos não veem, no entanto, é o caráter metafórico profundo que ele contem: Batismo é um sacramento cristão que tem como objetivo a purificação do pecado original, portanto o titulo traz a ideia de que a tortura política (“sangue”) seria a forma na qual os militares convenceriam (“batismo”) todos aqueles que eram subversivos à ordem vigente.  

         O filme conta a história dos freis dominicanos que no decorrer da década de 1960 começaram a questionar a ditadura militar apoiando grupo guerrilheiro Ação Libertadora Nacional,  organização política, comandada por Carlos Marighella, composta por setores de diversas correntes  ideológicas (congregando democratas, tenentes, operários e intelectuais  de esquerda), criada oficialmente em março de 1935 com o objetivo de lutar contra a influência fascista no Brasil.

      A Igreja sempre representou um grande apoio ao Regime Militar, mas bem se sabe que essa instituição é extremamente hierarquizada. Assim sendo, o baixo clero, mais ligado às questões sociais e desvinculados dos princípios da Igreja quanto ao Regime, não se  negaram a participar da militância contra o sistema.  

        Acompanhamos, então, os movimentos organizados pela ALN que, em grande parte são delatados, ou acabam não dando certo... O filme nos mostra de forma intimista a rotina dos clérigos e suas tradições, bem como seus princípios justos e solidários. A obra representa um bom quadro da situação desesperadora na qual o país se encontrava no período, a alienação da população, que dava mais importância para futebol do que para fatos políticos, como o assassinato de Marighella, entre outras características. 

         Um dos pontos altos do filme é sem dúvida a fotografia e a reconstituição de época, até porque, não coincidentemente, o prêmio que ele levou no Festival de Brasília foi o de melhor fotografia. O filme, com ajuda do figurino e das locações, ambientam muito bem o espectador dentro do contexto e fazem com que toda a trajetória torne-se mais legítima. Outro ótimo recurso usado foi o simbolismo nas cenas, na qual não eram usadas palavras explícitas para transmitir uma mensagem. Como exemplo podemos citar a saída do Frei Tito e outros militantes políticos da prisão em direção ao seu exílio, no qual todos aqueles que ficaram cantaram o hino nacional, mostrando seu apoio àqueles que estavam indo e relembrando que todos estavam ali para o bem da pátria. Outra cena muito forte é a tentativa de suicídio do Frei Tito após sua tortura, pois ver um religioso tentar cometer suicídio, algo que é condenado pela Igreja, nos faz ver o quão desesperador era passar por aquela experiência.  

     A abordagem do filme é extremamente psicológica; os personagens são trabalhados de forma profunda, e somos contagiados com suas aflições, sofrimentos e problemas. O Frei Tito, por exemplo, que é  barbaramente torturado, adquire sequelas psicológicas que o levarão ao suicídio.

       Porém, mesmo que o filme seja carregado de fatos históricos importantes e de cenas que contém um simbolismo muito forte, há uma crítica que pode ser feita quanto à exploração do tema: com certeza as cenas de tortura são essenciais dentro do contexto que o filme mostra, e que através delas nós podemos ter noção do que realmente acontecia com os presos políticos e o que eles passavam para defender sua pátria e seus direitos, entretanto essas torturas, dentro da película, foram usadas mais do que o necessário. Por  estender muito essas cenas, não foi dada a devida ênfase do porquê que aqueles freis estavam ali exatamente. No fim de tudo, não fica muito claro como os freis atuavam para ajudar a derrubar esse regime, e talvez um pouco mais de tempo dedicado a essa explicação fizesse com o que o retrato da situação fosse mais completo.

     Mesmo com algumas ressalvas, “Batismo de Sangue” continua sendo um filme forte que expõe essa ferida ainda aberta da ditadura que aconteceu em nosso país e faz, a cada minuto, com que nós pensemos sobre esse momento negro pelo qual aquelas pessoas passaram, até onde o ser humano pode ser cruel o suficiente para torturar um igual em prol de seus interesses e até onde um ser humano pode ser corajoso o suficiente para resistir a dor em busca da liberdade.