quarta-feira, 29 de agosto de 2012

A abertura dos arquivos da ditadura



   A ditadura militar que se iniciou em 1964 e durou longos 21 anos, fez mudanças drásticas em nosso país, os brasileiros perderam o direito a fala e a expressão, a luta pela liberdade se tornava cada vez mais impossível, como resposta a tudo isso a democracia repreendia a população com todas as formas de torturas possíveis.

Hoje em dia ainda é possível ver os reflexos causados em toda sociedade.
   São poucos os documentos e registros que nos permitem saber realmente o que aconteceu na época e a verdade que ainda permanece obscura.

   A abertura desses tais arquivos iria permitir que toda a verdade fosse revelada, reconstruída e esclarecida. Isso aliviaria a vida de muitas famílias que ainda procuram explicações para o ocorrido.O governo tenta encobrir o que aconteceu e assim não permite uma aproximação da sociedade com a verdade.Ainda hoje a relação com a situação dos arquivos é a mesma de antigamente. 
   O governo Lula tomou uma grande iniciativa e criou o projeto ''memórias reveladas'', que visa dar acesso a documentos sobre a época de repressão ditatorial no país, porém não são todos os documentos que se pode ter acesso, somente os que eram da ABIN (Associação Brasileira de Informação), pois os documentos referentes as forças armadas ainda permanecem secretos.
  
   Nossos militares consideram que ''o interesse nacional está acima do conhecimento da verdade ''. 
Em 2003 houve uma comissão especial de mortos e desaparecidos políticos no ministério da justiça.
O decreto n 79.099 de 06/11/77 da LSN (Lei de Segurança Nacional), regido por Ernesto Geisel, cita que autoridades civis ou militares, não podem tornar públicos documentos sigilosos sobre a repressão. Aqueles que violarem o decreto poderá ser enquadrado no artigo n 21, que pune com reclusão de 2 a 10 anos.
No final do ano de 2009 foi lançado o novo programa nacional de direitos humanos o DNDH-3, que tem vários projetos, dentre eles a criação da comissão da verdade no qual investiga os crimes cometidos por torturadores na época da repressão e o acesso aos documentos sigilosos.





 Esse novo programa também se referia a lei de anistia ,na qual exigia revisão para crimes cometidos por agentes do estado, isso gerou uma grande polêmica na mídia.

No início de 2010 os militares conseguiram causar ambiguidade na lei, assim como a anistia, quando retiraram do programa o termo '' repressão política ''.
   Vários setores da sociedade como a associação de mortos e desaparecidos políticos e a OAB estão movendo discussões e abaixo assinados sobre o tema, isso também cabe a sociedade, refletir para ter acesso a verdade e justiça definitiva que é defendida pela constituição de 88.
Nós mas do que nunca devemos levantar a nossa bandeira e discutir juntos sobre o assunto, afinal sem acesso aos documentos não poderemos investigar o que aconteceu durante o período ditatorial, sem a revisão da lei de anistia, nossa democracia se mostra frágil.Diante de tudo isso devemos nos conscientizar sobre a importância do acesso de todos á memória e a verdade.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Marighella: se foi o homem, ficou a lenda


Carlos Marighella nasceu em Salvador no dia 5 de dezembro de 1911. De origem humilde, ainda adolescente, despertou para as lutas sociais. Aos 18 anos iniciou curso de Engenharia na Escola Politécnica da Bahia e desde já tornou-se militante do Partido Comunista, dedicando sua vida à causa dos trabalhadores, da independência nacional e do socialismo.

Contando diversos anos de prisão, tendo sido baleado, espancado e torturado, chegou a ser considerado o inimigo público número 1 nos anos de chumbo da ditadura brasileira. Em uma ocasião, inclusive, mesmo preso, foi eleito para o Comitê Central. Em 1967, por discordar das linhas que o Partido Comunista tomava e acabar sendo expulso do mesmo, fundou a Ação Libertadora Nacional - ALN, optando pela luta armada. Sua organização sobreviveu mesmo depois de sua morte, em 1969.

Marighella, que além de guerrilheiro, era escritor e poeta, deixou diversos escritos, que correram o mundo - sua primeira prisão, inclusive, se deveu a parte de sua produção intelectual, com versos que ridicularizavam o interventor de Vargas, Juracy Magalhães. 

Pode-se até discordar de seus princípios e a forma com que ele tentava alcançá-los, mas, inegavelmente, os ideais do militante se perpetuarão, o que pode ser observado pelas diversas formas pelas quais sua história está sendo contada; ainda nesse mês, foi lançado um documentário de sua vida - ou "depoimentário", uma vez que conta com mais características emocionais que factuais -, cujo trailer se encontra abaixo:


O grupo de rap Racionais MCs lançou, também esse ano, o videoclipe da canção Mil Faces de um Homem Leal, tipo de tributo ao guerrilheiro que faz parte da trilha sonora do filme:


Com lançamento previsto para outubro, "Marighella: o guerrilheiro que incendiou o mundo" é a biografia resultante de uma pesquisa de 9 anos do jornalista Mário Magalhães, que, essa sim, promete fazer um verdadeiro "raio-x" da vida do militante. Magalhães afirma: “Ninguém precisa necessariamente amar ou odiar Marighella. Mas é impossível ficar indiferente à epopeia que ele viveu. É uma vida espetacular. Você pode concordar ou discordar das opiniões dele, ter simpatia ou não pela trajetória dele, mas é um épico."

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Como consertar o Brasil?



O QUE É O RANKING DOS POLÍTICOS?

Somos um ranking que compara políticos de todo o Brasil. Classificamos os legisladores do pior para o menos pior. Sabemos que existe uma enorme quantidade de corruptos e incompetentes na política brasileira. No entanto, se votarmos em massa nos menos piores, estaremos incentivando uma melhoria no panorama político do Brasil. Nossa meta é oferecer informação para ajudar de forma objetiva as pessoas a votarem melhor. Somos um site particular criado por dois professores e administradores de empresa. Não somos filiados a nenhum partido político ou grupo de interesse.

QUAL É A IMPORTÂNCIA DESSE PROJETO?

Consertar os problemas brasileiros deve ser feito pela via política, ou seja, votando e implantando leis boas. Como os políticos são os maiores beneficiários da situação atual, não é fácil fazê-los votar leis que prejudiquem eles mesmos. A boa notícia é que mesmo os políticos mais corruptos também dependem de votos, portanto, se a população votar melhor, consequentemente teremos políticos melhores e, aos poucos, pode-se aumentar a qualidade dos nossos representantes públicos. Com o tempo, se conseguirmos ter dezenas de milhões de eleitores acompanhando o Ranking, além de colocar para fora os corruptos, ainda criaremos um forte incentivo aos demais políticos para se comportarem bem, pois saberão que se trabalharem mal, perderão pontos no Ranking.

Jogos políticos



Datada para ocorrer no dia sete de outubro de 2012, foi aberta a época de eleições! E que comecem os jogos!


Não há como passar despercebida essa temporada, mas não por ser uma época de grande mobilização social em prol de melhores representantes das cidades, e sim porque, em todo lugar, pode-se ver uma infestação de banners, cavaletes e propagandas eleitorais de diversas maneiras.

Um bordão engraçado, uma foto sorrindo e o número de identificação do candidato - na maioria das vezes, é apenas isso que se é visto nessas propagandas. Ausência de propostas, promessas e ideais, visando apenas o tratamento superficial dos candidatos.

Há uma lei, chamada Lei das Eleições (Lei 9504/97), que determinou para o Congresso Nacional o prazo de até o dia 10 de junho para fixar, por lei, os limites de gastos de campanha para os cargos em disputa nas eleições municipais deste ano. Porém, isso não ocorreu. Não há teto de gastos para a campanha desse ano, portanto, depende de cada partido estabelecer o limite de gastos para a propaganda dos seus prefeitos e vereadores e depois noticiar a Justiça Eleitoral. O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) divulgou, nesta quarta-feira (18), a previsão de que os gastos máximos de campanha de todos os 194 candidatos que apresentaram pedido de registro de candidatura à prefeitura chegarão a R$ 1,26 bilhão.

Valores tão altos gastos em campanhas acabam por massacrar os outros candidatos que não possuem o mesmo poderio financeiro, tornando a campanha eleitoral um circo, em que, na verdade, os palhaços somos nós.

A caminho da copa

"O filme aborda a diversidade de opiniões a respeito dos impactos, positivos e negativos, da preparação dos mega eventos no cotidiano das principais cidades do país. Raquel Rolnik, Carlos Vainer, Juca Kfouri, Toni Sando, Vicente Cândido e moradores de São Paulo e Rio de Janeiro atingidos por obras urbanas ligadas ao eventos da Copa do Mundo e Olimpíadas são entrevistados no filme."

Realização: Instituto Pólis e Pólis Digital


Teaser do documentário A Caminho da Copa from Polis Digital on Vimeo.

"Se ser livre é ser vadia, somos todas vadias!"


Poucos brasileiros, ao ouvirem “Marcha das vadias”, entenderão do que se trata. O movimento de caráter internacional iniciou-se em 3 de abril de 2011 em Toronto, no Canadá, e hoje é conhecido pelo mundo inteiro por lutar pelos direitos da mulher, que ainda sofre desigualdades diante dos homens.


As passeatas já ocorreram várias vezes no Brasil e contam sempre com mulheres vestindo roupas provocantes como blusas transparentes, lingerie, short ou simplesmente nada. O maior propósito da marcha é chamar a atenção de todos e deixar claro que as mulheres não pedem para ser estupradas e abusadas fisicamente por causa de suas vestimentas. O nome “marcha das vadias” ironiza, também, o fato dos homens tacharem as mulheres como tais por causa de suas roupas, sua personalidade, ou, ainda, pelo simples fato de ser mulher.

O mundo vem caminhando para a igualdade de gêneros devido a movimentos como este, e é claro, importantes ícones como Angela Merkel (chanceler alemã), Hilary Clinton (secretária de estado norte-americana) e Dilma Rousseff (presidente do Brasil), que estão representando os três primeiros lugares como mulheres mais importantes do mundo, segundo a Forbes.com. É claro que o índice de estupros ainda existe e é muito alto, entretanto, o potencial e a garra feminina ainda podem reverter esse quadro e fazer história não só no Brasil, mas no mundo.



Se você, como nós, mora na cidade de Santos-SP e tem interesse em saber um pouco mais sobre a Marcha das vadias, clique aqui para acessar o página do movimento no Facebook.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Chico Buarque, a voz de um povo



Durante a época da ditadura militar a música popular brasileira destacou-se com grande importância, sendo de forma implícita uma crítica ao governo e um movimento de união contra o regime da época. Foram diversos artistas que lutaram e sofreram pelo bem da nação. Podemos ressaltar alguns nomes conhecidos, como Caetano Veloso, Geraldo Vandré, Gilberto Gil, Ivan Lins, entre outros. Mas nosso grupo resolveu focar em um grande personagem, a quem todo o Brasil deve muito. Mesmo durante seu exílio, permaneceu compondo em contraposição à ditadura. Sempre lutou pelo seu direito e de seus irmãos de nação. 

Referimos-nos ao grande Chico Buarque. Nascido em 1944, na cidade do Rio de Janeiro, se mudou pra São Paulo dois anos depois. Filho do conhecido historiador Sérgio Buarque de Hollanda e da pianista amadora Maria Amélia Cesário Alvim, ingressou na faculdade de arquitetura da USP, mas largou os estudos para se dedicar à música. Em 1964 compôs sua primeira música – Tem mais samba. Em 1966 começaram seus problemas com a censura. Em 1968, em um teatro onde a peça roda-viva – de sua autoria – era exibida, o CCC invadiu e espancou o elenco. Foi também, no mesmo ano, detido pela primeira vez. Em meio a tanta repressão, o cantor exilou-se voluntariamente em Roma em 1969. Prosseguiu lançando composições, e após algum tempo voltou ao Brasil. Foi preso em 1978 ao voltar de Cuba. Em 1984 participou ativamente da campanha "Diretas Já", na qual lutava por eleições diretas e participação ativa dos cidadãos no governo, e sua música “Pelas Tabelas” foi considerada um hino informal da campanha. Em meio a tantos episódios, Chico sofreu muito nas mãos do sistema, assim como inúmeros brasileiros. Muitos não resistiram e faleceram em meio a tamanha desumanidade, mas ainda nos restaram alguns dos heróis que lutaram por justiça e direitos naquela onda de totalitarismo.

Para melhor explicarmos a participação desse símbolo da música brasileira e mostrarmos o quão importante a arte foi em meio àquele pesadelo, seguem alguns trechos de canções de Chico Buarque. Faremos breves comentários sobre alguns significados em meio à música, já que o sentido tinha de ser trazido indiretamente – driblando a censura imposta pelo regime militar.

Cálice – 1978


Pai! Afasta de mim esse cálice

De vinho tinto de sangue

Como é difícil acordar calado

Se na calada da noite eu me dano
Quero lançar um grito desumano
Que é uma maneira de ser escutado
Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada, prá a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa.

Na música cálice, a palavra mostra a repressão da época – já que a pronúncia remete a “cale-se”. O sangue expressaria o sofrimento em meio à tortura pela qual o país era tomado. Mostrava, assim como percebe-se no trecho, a angústia em meio à falta da liberdade de expressão e o desespero que não mais se aguentava, prestes a – como ele mesmo diz – “emergir o monstro da lagoa” e agir irracionalmente sem preocupar-se com a reação do governo.

Apesar de você - 1978


Hoje você é quem manda

Falou, tá falado
Não tem discussão, não
A minha gente hoje anda
Falando de lado e olhando pro chão
(...)
Apesar de você
Amanhã há de ser outro dia
Eu pergunto a você
onde vai se esconder
Da enorme euforia?
(...)
Quando chegar o momento
Esse meu sofrimento
Vou cobrar com juros. Juro!


Essa talvez seja a música mais explicita de Chico – mesmo que ainda tenha tido algumas partes censuradas, como um trecho que dizia sobre a queda de um castelo, se referindo indiretamente ao general Castelo Branco. Pegamos apenas alguns trechos, mas para quem se interessar, aqui está a letra completa (infelizmente, achamos apenas a versão “podada” pelos militares). Mostra a crescente revolta popular e a insatisfação em relação àquela vida de mentiras, àquela prisão que sentiam a cada dia.


Meu caro amigo – 1976


Meu caro amigo me perdoe, por favor

Se eu não lhe faço uma visita
Mas como agora apareceu um portador
Mando notícias nessa fita


Aqui na terra tão jogando futebol

Tem muito samba, muito choro e rock'n'roll
Uns dias chove, noutros dias bate o sol

Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta



A música “Meu caro amigo” se trata de uma carta a um amigo que fora exilado. Em meio a tantas pessoas sendo expulsas de seu país, tenta mostrar que embora tudo pareça normal e pacífico continua a piorar – só que nada é mostrado, tudo é oculto pela mídia: “mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta”.


Vai passar – 1984


Vai passar nessa avenida um samba popular

(...)
E um dia afinal
Tinham direito a uma alegria fugaz
Uma ofegante epidemia
Que se chamava carnaval
(...)
Meu Deus, vem olhar, vem ver de perto uma cidade a cantar
A evolução da liberdade até o dia clarear

A confiança de um amanhã melhor é o tema principal. A ditadura perdia poder em meio ao movimento popular – em cujos comícios eram reunidas quase um milhão de pessoas – com a força de políticos da oposição. O carnaval expressa a liberdade e a alegria de um povo que se libertava da opressão. É uma música alegre, já anunciando o breve fim do sistema que por décadas massacrou sonhos, torturou vidas e enterrou a liberdade. Era o começo de um novo Brasil!