sábado, 8 de setembro de 2012

Categorização: base da repressão



“Você é o que você come”
“Me diga com quem andas e lhe direi quem és”
São frases como essas que sintetizam a presença da categorização nas relações humanas. Para melhor entendimento de vocês, caros leitores, faremos uma breve explicação sobre a referida categorização.

A categorização trata-se da base dos esteriótipos. É como se colocassemos os individuos em gavetas, assemelhando suas características a como se comportam socialmente. Isso acaba por gerar generalizações e preconceito – e muitas vezes resulta até mesmo em inaceitação social se a pessoa for fisicamente ou psicologicamente fora dos padrões aceitos pela categorização alheia. Assim sendo, esta assume uma forma de divisão através da aparência e costumes, implicando em esteriótipos e preconceitos que afetam a cognição e afeição dos indivíduos.
Este quadro está inserido, certamente, na cultura. Desde nossa infância somos sufocados por ensinamentos que julgam o certo e errado, os padrões e o sexismo. Porque um garoto que vestir rosa ou uma menina que brincar com carrinhos serão inaceitos pelos colegas, que terão o ensinamento de que menino usa azul e menina brinca de boneca. Depois, nas relações escolares e afetivas, nos deparamos de novo com resultados da categorização. Mais à frente, quando tentamos nossa inserção no mercado de trabalho, novamente lá está o maldito costume. E assim seguimos, dividindo e selecionando o nosso padrão. Fazer apenas isto não haveria problema – pois nada mais é que nossa personalidade. Mas a partir do momento que ao depararmos com diferentes características a criticamos e julgamos, nossa categorização se transforma em preconceito e generalização. Isso reprime não só a evolução da identidade humana, mas também a evolução da própria humanidade, com novas ideias e pensamentos distintos. Bob Marley já enfatizada: “Vocês riem de mim por eu ser diferente, e eu rio de vocês por serem todos iguais”.
Arrisco dizer que a categorização, se mal aplicada, é um câncer nas relações sociais. Porque esta estabelece padrões. Padrões estes que resultam em mortes, em infelicidade, em injustiça. Podemos pegar facilmente alguns exemplos:
Injustiça: Um homem que pega várias é tido como grandioso, enquanto a mulher que pega vários é tida como vadia;
Mortes: Inúmeros indivíduos sofrem deanorexia, simplesmente porque você é mais bem visto e mais bem tratado se tiver um corpo visto pela sociedade como o ideal ao invés de ser gordinho. O mesmo ocorre com a vigorexia, necessidade de praticar exercícios físicos em excesso.
Infelicidade: O garoto que não pode expressar seus sentimentos para não ser reprimido por seus gostos materiais, musicais, sexuais.


Mas, qual a relação do tema com a Ditadura Militar?

Como mostrado pela arqueóloga Melisa Salerno em sua publicação “Algo habrán hecho…”, referente à ditadura militar argentina, a categorização foi o grande pesadelo de muitos que foram pegos sem nenhum motivo aparente e foram tidos como desaparecidos dalí em diante. A autora mostra em seu artigo os resultados da grande repressão provenientes tanto da ditadura quanto da categorização. E, embora trate-se da ditadura militar argentina, o texto retrata um quadro que era também o tido durante a ditadura militar brasileira. Com os posts que já tivemos anteriormente em nosso blog podemos facilmente perceber como muitas das vítimas do regime militar eram capturadas por confusão e acabavam com finais trágicos. A categorização talvez tenha sido o que causou o maior número de mortes e torturas de inocentes. Isso porque a ditadura controlava até mesmo a aparência da sociedade. Uma roupa mais esfarrapada, uma barba maior ou algum utensílio que não seguisse o padrão poderia representar aos olhos dos carrascos uma forma de se voltar contra o regime. Julgavam muitos como rebeldes apenas pelo estilo que tinham. E acabavam nas mãos da injustiça e da intolerância, sofrendo pela ignorância de uma política nojenta!

2 comentários:

  1. as pessoas até hoje são alienistas, como o do conto, apontam sem dó o dedo pra gente e querem nos colocar numa prateleira....cabe a nós saírmos.Muito bom!!! o texto me chamou.

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  2. Adorei esse artigo. Bárbaro!!! Parabéns :)

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